terça-feira, 23 de novembro de 2010
Luto do quintanista franciscano
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Maria Fuzil
(O moço)
Bom dia, Maria
Que eu vim te buscar.
O dia é longo e claro
Conheceremos-nos ao fim, ao luar!
(A moça)
Bom dia, João, que a
noite anterior mal dormi!
Ansiosa estava por vê-lo aqui!
Na porta de casa, engomado,
Esperando-me surgir!
(O moço)
Vamos tomar sorvete, assistir estréia,
Dar beijo só no escuro da platéia!
Comer pipoca num pacote só,
Enlaçar os braços feito nó!
(A moça)
Coisa antiquada, que engraçada!
Para que tanto empenho?
Aos seus desejos, basta, me atenho!
Vamos a sua morada,
Deitar sob a sacada!
O casal seguiu o caminho,
João suando frio. Queria um cafuné,
mas a menina só queria saber do cabaré.
Era santa semi-virgem do Século Vinte Um,
Depilação brasileira e esmalte incomum,
Crina aos ventos da janela do carro,
Lascívia saciada tal qual fumaça de cigarro.
João subiu, mas o vôo foi rasante,
Logo caiu!
Não queria mais uma coadjuvante,
Queria era amar!
Maria só não entendia
Como é que, sendo tão fácil e bonita,
Não conseguia agradar.
O que os homens queriam, afinal,
A complicação inerente àquele ser angelical?
No dia seguinte, o telefone
João não atendeu.
Ele fora atrás de mulher infantil,
Mimada e imbecil,
Que nele só sabia mandar,
A retribuir com o enrolar.
E João chorou da perda do amor,
Quando tal moça, de súbito, o largou.
Estava criada nova Maria fuzil
De outro João deste Brasil.
sábado, 12 de junho de 2010
O Suicídio
O Suicídio
Despi a máquina.
Retirei as amarras:
Cabeças de parafusos e veias de cobre.
Atrás do que? Atrás do HD.
O momento estampado em pixel
Não passa de engenharia
E a minha memória perdida
é componente de informática.
Ah, os meus dezesseis!
Foram-se em pedaços
Literalmente...
Frágeis...
Cacos.
Impressiona-me
A materialização de sua destruição,
Quando eram,
Em existência, virtuais.
Aqui jaz Baltasar,
Fiel computador de mesa.
- Quantas vezes já não jantamos juntos?
Sua morte leva um pedaço de mim.
Pois esqueci.
E as memórias...
Eram peças da Santa Efigênia.