quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Trajeto passivo

Meus pés estão numa rua,
Alinhados às diversas de oportunidades,
Essas, milhares de sussurros uníssonos
Soando em meu ouvido,
Equilibradas, todas,
Pela minha ambição de tudo.

E a balança não pende,
E escolhas não são feitas.
A existência, porém, leva-me,
Já o tempo carcomido, embrulha o vazio
Com um papel-de-presente chamado esperança.

Atravesso a rua, cumprimentando cada possibilidade...
Probabilidades infinitas, essa minha vida,
Mega-Sena sorteada,
Como eleição unânime dos Deuses.

Sou simpática a todas elas,
Acaricio o seu potencial,
Massageio seu ego,
“Vir-a-ser”, “futuro”, etc, etc.
Ser política com as próprias decisões!

Em meio ao grande mundo,
Amanhã metafísico,
Não me posiciono por,
Puramente, medo.

Tremo – calafrio –
Ao pensar que cada opção,
Concomitantemente, será uma perda,
Uma, não.
Todas as outras.

No final da realidade,
Contemplarei a areia sob esses pés,
Pois a rua extinguiu-se, virou praia,
E a praia dá para um mar eterno de afogamento eterno.

Areia fofa, porque nada construí, pendi.
O cimento é para os fortes.
Areia morna, porque o sol brilhou
E eu não vi as portas se fecharem, no escuro.

Agora não há meios.
Os olhos se enclausuraram em água salgada.


Opiniões críticas são importantes para mim, principalmente quando se trata de poesia! Dê a sua, se tiver!

3 comentários:

ex-amnésico disse...

Não queria comentar por comparação, mas é difícil pra mim, lendo seu poema, não pensar em Fernando Pessoa, a sede voraz de vida, o 'coração maior que o mundo'... a nostalgia do não-realizar, por não realizar-tudo...

Pungente e belo, faz bem ler poesia assim!

Feänor disse...

Não leve a sério o que eu escrevi sobre o casamento... Era ironia só, não reflete o que eu acho de verdade.

Nesses posts que não são sérios do meu blog eu só escrevo besteira :P

(sou eu tentando dar uma de engraçadinho rs)

Feänor disse...

(Eu to indo pro show do maiden, mais tarde volto pra comentar)