terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

De volta a caverna

O tempo em que lia, absorta e com atenção,
As palavras metafísicas do velho Sócrates
Diluiu-se, exauriu-se numa bruma,
Que jamais encontrará tal coesão.

É que adoeci lá fora.
O ermo, a vastidão inútil
Além da fachada cavernosa foram cancros
Que deixaram na alma sulco nada sutil.

Nunca mais suportarei igual solidão!
A rútila luz das estrelas conheceu
A minha loucura, a minha atroz vertigem,
Momento no qual me perdi tal flâmula em tufão.

Não mais busco a caduca sapiência;
Passei a ser lascivamente pervertida,
A entregar-me a doença fervorosa do amor.
Tornei-me sádica perante a vida em decadência,
Minhas gargalhadas fizeram dela uma comédia.

Adeus, pétrea razão! Adeus, acre solidão!
Apraz-me adentrar a alcova
E, após beber do vinho ambrosia,
Participar, com os homens presos em grilhão,
Da mais ensurdecedora e fremente orgia!

2 comentários:

000000 disse...

Ser sábio é ser um tanto chato, convenhamos: ser temperante, equilibrado, correto, sereno e essas coisas que gostamos de ver numa pessoa de cabelos brancos, e que nos perguntamos por que é tão difícil encontrar essas características nos nossos velhinhos de hoje em dia.

Acho que a moda é ser cego, e debater-se alucinadamente, seja uns nos outros ou mesmo nas paredes. Pobres paredes.

Isso tem alguma coisa a ver com o carnaval?

Anônimo disse...

Caramba! Isso tudo depois do carnaval?
Abração.